quinta-feira, 10 de setembro de 2009

METODOLOGIA - Desdobramentos do Quarto Contato (Intervenção Cênica: Parte Final)





Fotos: Rafaelin Poli

ALINE CRISTINA DA SILVA
A pesquisa começou a tomar outros rumos. Reconheci que as colaboradoras que registravam afetavam, e muito, o desenvolvimento deste trabalho, portanto foi preciso estimular este lado da colaboração e promover algum outro tipo de evento onde estas não tivessem a mesma influência que tiveram anteriormente. Percebendo que a pesquisa estava se afastando dos objetivos iniciais precisei me reorientar, assim retomei com as seguintes dúvidas:


- O que é realmente intervenção nos termos do Teatro, da Dança e da Performance?

- Quais são as características estabelecidas neste processo?

- Como é inserir-se no espaço público? O que é este espaço em mim? Neste caso falo como colaboradora executante das ações pré-determinadas em um Roteiro.

- Qual a relação que se estabelece entres as colaboradoras, e delas com o público?

A partir destas questões decidi aplicar exercícios e trabalhos para as colaboradoras a fim de situá-las na pesquisa, pois percebi que haviam várias dúvidas em relação ao processo principalmente sobre minha postura de proponente.Um dos exercícios aplicados era retomar a ação da observação do espaço público que Paola Berenstein Jacques propôs em Workshop: olhar atentamente tudo que o caracteriza e depois registrá-lo (escrita, fotográfica, teatral, sonora, etc). Partindo do texto sobre as áreas transformadas em locais para turistas1, propus que o último evento denominado de Intervenção Cênica: Final (FIGURA 04) fosse realizado no Jardim Botânico desvinculando-se do espaço centro comercial de Curitiba. Ainda com resquícios do método de criação do grupo americano Improv Everywhere o grupo executou uma única ação: sentar-se na ponte em frente a estufa do Jardim Botânico vestidas de vermelho.

Devido à interferência das registradoras no evento anterior foi proposto que as registradoras ficassem afastadas, como turistas, fotografando, filmando e perguntando discretamente as outras pessoas o que achavam sobre este grupo de garotas de vermelho. Por durante 30 minutos neste espaço, creio que pela primeira vez, modificamos o espaço no qual interferíamos. A problemática que eu queria instalar era: Como o meu corpo se comporta neste espaço? (sentar-se na ponte em frente à estufa) E como estes corpos vestidos de vermelho visualmente alteravam o espaço?

Num primeiro momento as pessoas achavam-nos estranhas, mas com o decorrer do tempo alguns, mais curiosos começaram a fazer perguntas e comentar: "Vocês são modelos?", "É algum comercial?", "Vocês trabalham para o parque?”, “Acho que são prostitutas...” Esta intervenção trouxe uma interessante relação com as formas de apreciação temporal que JÁUREGUI (2008) descreve em seu artigo:

O tempo é uma noção, e nas intervenções urbanas, uma variável que opera e é irreversível. (...) O espaço é uma dimensão, e como tal, implica numa materialidade, numa realidade, numa configuração, numa estrutura, e está associado com operações tais como a disseminação, a fragmentação, a indução.


1 Leitura retirada do texto Errâncias Urbanas - A arte de andar pela Cidade, por Paola Jacques Berenstein. Net, Porto Alegre, 2005. Secão Arqtexto. Disponível em <http://www.ufrgs.br/propar/publicacoes/ARQtextos/PDFs_revista_7/7_Paola%20Berenstein%20Jacques.pdf> Acesso em 06 jan. 2009

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