Dando continuidade a esta retomada, em abril de 2009 convidei colegas1, algumas das quais haviam participado do trabalho anterior, a resgatarmos aquele processo de criação. Após alguns encontros decidimos executar o evento Intervenção Cênica: Ensaio Aberto Parte I novamente no calçadão da Rua XV de Novembro com a mesma proposta de indumentária, e procurando estabelecer relações com algumas definições teatrais dadas por Patrice Pavis (2005) para tentar encontrar o lugar deste evento neste universo.
Aspirei que neste evento continuássemos abordando a Sociedade de Consumo, apropriando-nos de representações sociais (consumidor/consumo, opressor/oprimido). O grupo ao apropriar-se destas representações descobriu que o espaço onde executavam as ações estimulava gestos improvisados que revelaram nos corpos sinais de domínio, subordinação e/ou indignação. O que foi revelado, considero como uma memória inscrita no corpo, emprestando o termo de Jacques, Corpografia Urbana. Como disposto no início deste texto, corpografia é uma espécie de mapeamento corporal onde se expõem toda a impressão da vida urbana, e, segundo a autora, só é observado pelo exercício da Errância Urbana. Mesmo sem utilizar as técnicas de Errância Urbana observando as fotos e os vídeos captados durante nossa intervenção, notei como nossos corpos responderam ao espaço. A introdução da foto e do vídeo neste evento, a priori era apenas para registro, no entanto ao relacionar esta intervenção com o método de Jacques, passei a perceber foto e vídeo como material essencial dentro do trabalho. Sem aprofundar-me nos estudos destas mídias, prossegui com esta pesquisa a partir dos resultados deste evento que foram analisados, sistematizados e reformulados num novo Roteiro de Ações, posteriormente realizado em outro espaço público de Curitiba com o nome de Intervenção Cênica: Ensaio Aberto Parte II. Neste evento as colaboradoras que registravam o evento passaram a fazer parte da intervenção.
1 Kelly Eshima, Patrícia Cipriano, Vanessa Benke, Ligia Maggione, Rafaelin Poli e Renata Mello.
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