Ao comparar mais profundamente os textos de Paola Berenstein Jacques, com os arrolados no desenvolvimento de minha errância, acima relatada constato que a autora percebe a potencialidade destes lugares e vai além ao afirmar que de posse comum e coletiva estes mesmos espaços públicos atualmente estão à mercê da desvalorização e da espetacularização. Cidades sendo transformadas em museus, ou em grandes “cidades-shoppings” (JAQUES, 2005) expulsando o cidadão menos favorecido.
São as iniciativas privadas que articulam o domínio público, ou seja, as empresas multinacionais que ambicionam a padronização destes espaços. Segundo Jacques, “visa basicamente o turista internacional – e não o habitante local – e exige um certo padrão mundial, um espaço urbano tipo, padronizado.” (JACQUES, 2005) Portanto, a “cidade consumidora contemporânea tem tendência a centrar-se mais na dimensão privada e comercial e nos investimentos privados” (EUROPAN,2007) concebendo grandes cenários turísticos rentáveis.
Como expõe Jacques “o que se vende hoje internacionalmente é, sobretudo, a imagem de marca da cidade. (...) vender a imagem de marca, ou logotipo, da sua cidade, privilegiando basicamente o marketing e o turismo, através de seu maior chamariz: o espetáculo.” (JACQUES, 2005). A espetacularização da cidade coloca o cidadão como figurante, à margem dos acontecimentos urbanos. Exemplo típico de cidade “espetáculo”, Curitiba, também chamada de “Cidade Modelo”, é uma cópia dos moldes europeus. Os efeitos estão visíveis nos grandes parques, no centro-histórico, nos bairros, etc. Enfim, estes locais que deveriam servir de encontros, acabaram se transformando em lugares de passagem e contemplação turística, favorecendo uma pequena parcela de indivíduos e, conseqüentemente, afastando corporalmente os cidadãos menos favorecidos.
Fundamentada nestes estudos pude projetar onde as intervenções deveriam acontecer: em espaços turísticos e de grande circulação de pessoas (região central de Curitiba) devolvendo a estes locais a idéia de encontro e sociabilização. Mas como proceder nestas intervenções? Como elaborar eventos que possibilitassem alcançar meus objetivos nos espaços apontados?
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