quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Relembrando CORPOGRAFIAS URBANAS-relações entre corpo e cidade

Por Fabiana Dultra Britto – Programa de Pós-Graduação em Dança da Universidade Federal da Bahia Paola Berenstein Jacques – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia)



Foto e Arterísse Por Aline Negra Silva

O processo de estetização acrítico e segregador que faz parte do que se conhece por espetacularização urbana1 - cidade-espetáculo, cidade-cenário - está diretamente relacionado a uma diminuição tanto da participação cidadã quanto da própria experiência corporal das cidades enquanto prática cotidiana, estética ou artística no mundo contemporâneo. Partimos da premissa de que o estudo das relações entre corpo -corpo ordinário, vivido, cotidiano - e cidade, poderia nos mostrar alguns caminhos alternativos, desvios, linhas de fuga, micro-políticas ou ações moleculares de resistência ao processo molar de espetacularização - da cidade, da arte e do próprio corpo - na contemporaneidade. A redução da ação urbana, ou seja, o empobrecimento da experiência urbana pelo espetáculo2 leva a um empobrecimento da corporalidade, os espaços urbanos se tornam simples cenários, sem corpo, espaços desencarnados, o que incita à reflexão urgente sobre as atuais relações entre urbanismo e corpo, entre o corpo urbano e o corpo do cidadão. Da relação entre o corpo do cidadão e um outro corpo urbano poderá surgir outras formas de apreensão urbano-corporal e, conseqüentemente, outras formas de reflexão, de relação e de intervenção nas artes e nas cidades contemporâneas.

1 Ver nosso artigo Espetacularização Urbana Contemporânea no número especial “Territórios Urbanos e
Políticas Culturais” dos Cadernos do PPG-AU//FAUFBA (Salvador, 2004), disponível em:
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/ppgau/article/view/1684


2 Espetáculo no sentido dado por Guy Debord, que diz: “o espetáculo é o capital em tal grau de
acumulação que se torna imagem” in A sociedade do espetáculo, Contraponto, Rio de Janeiro, 1997. Ver
também IS, Paola Berenstein Jacques (org.), Apologia da deriva, escritos situacionistas sobre a cidade,
Casa da Palavra, Rio de Janeiro, 2003.

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